Você tem um minuto para uma palavra do Senhor?

Porque hoje é domingo, e porque você tem feito ginástica para escapar das testemunhas de Jeová, que gostam de acordar cedo e despertar os outros com eles, eu decidi que você precisa ouvir uma palavra do Senhor, nem que seja pela web e pelo meu blog. Mas não se assuste, a Palavra é boa.

Um parênteses: a crença é algo muito pessoal e com este post e estas palavras, não quero converter ninguém, nem afirmar que a minha crença é a "certa" ou "melhor" que qualquer outra. Crente ou ateu, o que eu quero realmente dizer é: ame, não julgue, seja tolerante. 

Se eu pudesse recomendar um único livro para que as pessoas conhecessem ao Deus que eu amo, não seria Bíblia. Nada contra este livro sagrado, mas como todos sabem, por ser demasiado abrangente, há quem interprete coisas do velho testamento, há quem interprete coisas do novo testamento, e se isso já dividiu facções religiosas, por que colocar esta responsabilidade sobre seus ombros? Nope. Há um livro, ou melhor, três livros, muito mais curtos e muito melhores para conhecer ao menos o Deus que eu adoro. Outras pessoas dirão que há outros tipos deste Deus, pode ser, mas Este é o que eu Amo.

A Bíblia fala sumamente de amor, de perdão, de tolerância. Fala para não julgarmos ao próximo, para amarmos ao próximo e para vivermos sob os preceitos dos dez mandamentos, que já são suficientes para ninguém ter problemas com as leis dos homens. E mesmo assim, nunca houve tanta discórdia e ódio por conta de um livro que só prega o amor. O problema é o homem, claro. Não a palavra.

Por isso que Laerte, na minha opinião (e do Frei Betto, que faz a introdução do livro 1), escreveu em seus três volumes denominados DEUS, a melhor interpretação de Deus que eu já vi e li. Um Deus que fala com a gente, que nos ouve, que nos orienta, que se perde. Um Deus humano, pois se fomos feitos à sua imagem e semelhança, por que não ver que nossas falhas tenham Nele também sua origem? E que há demais em ser humano? Eu, particularmente, não vejo isso como ofensivo.

Deve-se dizer, Laerte tem pedigree para as afirmações que faz: estudou em escola católica, fez o catecismo e queria ser padre, e por pouco não foi. Ao final, com pé em Portugal e outro no Brasil, acabou formado em artes, onde seguiu sua vida de cartunista, roteirista (de teatro, TV e Cinema).

Laerte nos apresenta no livro 1, a criação do homem, o paraíso e o diabo. Nos mostra, com um humor leve como Deus vê aquilo que fazemos. Como é a vida no paraíso imaginado por Laerte e os eternos conflitos do homem e contra si mesmo e contra sua fé. Através de tirinhas curtas, com 3, 4 quadros no máximo, é impressionante como Laerte consegue sintetizar Deus tão bem, ao menos aos meus olhos.

Uma das questões que atormenta a vida de muitas pessoas, se bons ateus vão para o céu (discussão longa e velha, já, no twitter), Laerte sintetiza numa história curta: ao deixar um ateu, ainda de copo de wisky na mão, entrar no céu, um velho carola reclama: "Como que eu levo uma vida de penitência e esse ateu, que não larga o wisky nem no paraíso, vai para o mesmo céu que eu?", e Deus responde com naturalidade: "Não é o mesmo céu, eu criei um outro céu só para caras bacanas, ali do lado!".

A última tirinha, sem humor, contudo, explica muito mais que diversos capítulos da bíblia, num diálogo curto entre uma mulher sofrente e um Deus sério:

- Não dava para Você ter impedido.
- Não.
- Mas se não posso contar com Sua mão, com o que posso contar?
- Com o ombro.

Deus, eu te amo. Confira os livros do Laerte. Ele acerta muito mais do que erra ao aproximar Deus de nós.

Se você quiser comprar o livro 1: http://www.livrariacultura.com.br/Produto/LIVRO/DEUS-SEGUNDO-LAERTE/359635

Curiosidade: A tirinha de abre este texto, foi feita anos antes do filme de Jim Carrey e Morgan Freeman, All Might (Todo Poderoso), onde a mesma piada se repete: Jim Carrey procura por Deus subindo as escadas do piso todo branco.